Discurso de Posse de Leunira Batista

20/08/2016

DISCURSO DE POSSE NA CADEIRA Nº 16 DE MEMBROS EFETIVOS

  • Excelentíssimo Senhor Professor e Poeta Jorge Henrique Vieira Santos, digníssimo presidente da Academia Gloriense de Letras (AGL), em nome de quem saúdo os integrantes da Mesa.
  • Excelentíssimo Senhor Francisco das Chagas Vasconcelos (Prof. Vasko), idealizador e presidente da Academia Literária do Amplo Sertão Sergipano (ALAS), em cujo nome cumprimento cordialmente os confrades e confreiras da Augusta Arcádia, da qual me ufano de ocupar a Cadeira n° 03 de Membro Fundador.
  • Excelentíssimas autoridades presentes ou representadas.
  • Ilustríssima confreira Gileide Barbosa de Souza Santos, em nome de quem felicito a todos os membros da Academia Gloriense de Letras.
  • Ilustríssimos confrades e confreiras de outras coirmãs.
  • Ilustríssima Senhora Eliza Vieira Santos Sobrinho, minha extremosa mãe, em nome de quem homenageio minha família, especialmente o meu saudoso pai, José Batista Sobrinho.
  • Senhoras e Senhores.


Boa Noite!

Entre as gratas surpresas da minha vida, incluo o privilégio de ser eleita para Membro Efetivo da Academia Gloriense de Letras (AGL) da minha amada terra natal. É inefável a minha alegria! Meu coração está revestido de glória e benção. Enaltecida é como me sinto. Faço meus dois versos da música "Anjos de Deus", do Padre Marcelo Rossi.

Só sei que está cheio de anjos de Deus
Porque o próprio Deus está aqui.

Sem dúvidas! Com o advento da primeira Academia do interior sergipano - a Academia Gloriense de Letras, que leva e eleva o nome de Padre Leon Gregório como Patrono; o perfil de Nossa Senhora da Glória mudou. Novas conquistas sociais, novas criações e descobertas, abriram leques para o mundo da arte e da literatura. E os sonhos mais ousados de quem sonha voar criaram asas e se tornaram realidade.

Segundo o Padre Leon Gregório,

"As grandes obras não caem prontas do céu: elas têm uma história".

As Academias de Letras são claramente liames entre o desenvolvimento da literatura e as artes, globalizando o mundo sócio- cultural.

O advento a essa instituição lítero-cultural iluminará a minha trajetória, dentro dos valores éticos e da consciência crítica; enquanto, por outro prisma, exigirá de mim maior responsabilidade no tocante ao desenvolvimento cultural deste Município.

Em sua quadra, já apregoava Fernando Pessoa: "A literatura, como toda arte, é uma confissão de que a vida não basta".

Minha vocação literária surgiu na mais tenra infância, lendo poesias para recitá-las nas datas comemorativas da Escola. Na adolescência, comecei a ler e escrever poemas. Acalentava na mente e no coração o anseio de publicar um livro. Entretanto, o meu caminho rumo às letras só foi mostrado no I Encontro Sergipano de Escritores, patrocinado pela Infographics Gráfica e Editora, com o apoio da Academia Sergipana de Letras. Em 05 de novembro de 2014, dez dias antes da instalação da Academia Literária do Amplo Sertão Sergipano, em homenagem ao aniversário natalício da minha filha Lyse Anne e, por coincidência, o Dia Nacional da Cultura Brasileira e os 165 anos do nascimento de Rui Barbosa, lancei minha primeira obra "O Espelho da Felicidade". Foi apenas o início. Hoje já sou integrante de 11 Antologias editadas e várias em andamento.

O júbilo e a honraria de ser escritora e chegar até aqui representam a felicidade do reconhecimento do gigantesco esforço, porque a vitória continua tendo como palavras de ordem: coragem e determinação.

Lya Luft doutrinava:

"O mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se consegue fazer".

Há quase meio século estou casada com José Alves de Sousa, Auditor Técnico de Tributos da Secretaria de Estado da Fazenda de Sergipe. Ostentamos a invejável prole constituída por três filhos, duas noras, cinco netos e uma bisneta.

Comecei a vida profissional como professora. Exerci atividades em diversas áreas da Educação e da Cultura, tornando-me, por fim, também Auditora Técnica de Tributos da Secretaria de Estado da Fazenda de Sergipe, atualmente aposentada, tal qual meu esposo.

Regozijo-me por ter sido eleita por unanimidade para o quadro de Membros Efetivos desse Egrégio Sodalício. Hei de envidar esforços e boa vontade para fazer jus à confiança em mim depositada. Agrego-me à confraria com o pensamento voltado para o desenvolvimento de trabalhos e realizações que possam contribuir largamente com o cultivo da memória intelectual da nossa gente. Como disse o imortal Homero:

"Leve é a tarefa, quando muitos dividem o trabalho".


Nesta bela noite, recebo o diploma de primeira ocupante da Cadeira nº 16 desse Sodalício. Com muita propriedade, escolhi para batizar a minha Cátedra a abnegada Professora, Educadora e Contadora MARIA HELENA DE ANDRADE PEREIRA, que com trabalho e dedicação desbravou caminhos no universo da Educação e da Cultura, rumo à Escola-Vida, neste município. Plantou a esperança por onde passou e morou, através dos seus conhecimentos, e a colheita foi abundante, não só na liberdade que norteava o cidadão consciente dos seus direitos e obrigações, mas na construção de uma sociedade melhor. Levo adiante a chama da imortalidade dessa grande mulher.

MARIA HELENA DE ANDRADE PEREIRA nasceu em 23 de maio de 1945, no município de Ribeirópolis, Sergipe; e faleceu em 25 de julho de 2015, na capital alagoana, vítima de neoplasia maligna.

Aos 10 anos, seus pais deixaram a vida rural para morar, com toda a família, na cidade baiana de Itabuna. Sempre foi aluna notável e amante da oratória. E no Colégio Estadual de Itabuna não foi diferente, sempre ocupando lugar de destaque. Sua experiência de professora começou na adolescência, preparando seus irmãos e colegas para o Exame de Admissão ao Ginásio. Oito anos depois, seus pais retornaram a Sergipe e foram morar no município de Nossa Senhora da Glória. Prosseguiu seus estudos de Nível Médio em Pão de Açúcar (Alagoas), tornando-se portadora dos Cursos Pedagógico e de Contabilidade.

Minha patrona, oriunda de bem conceituada família, consegue ser notada por suas obras. Os pais, Francisco Xavier de Andrade e Josefa Zenita Andrade, residiam no Povoado Angico deste município, onde ainda hoje podem ser encontrados alguns dos seus familiares. Destaco especialmente seu irmão, o Professor Leonardo Xavier de Andrade. A erudita Professora casou-se com José Carlos Pereira Silva, químico industrial. Do feliz conúbio nasceram duas filhas: Luciana de Andrade Pereira, médica; e Marcela de Andrade Pereira, dentista. Ela foi uma mulher de espírito inquieto. Uma das suas maiores qualidades era incentivar as pessoas a estudar, transformando-se em expoente nos diversos campos da Educação, da Cultura e das Artes no torrão gloriense.

A professora, educadora e contadora, nos anos de 1968 a 1974 lecionou no Ginásio Nossa Senhora da Glória, as disciplinas Francês e Ciências Biológicas. Sempre admirei Maria Helena, mulher de ação, enérgica e resoluta. Sinto-me lisonjeada por ter sido sua aluna. Verdadeiramente, ela também é responsável por significativa parcela do meu crescimento pessoal e profissional. Segundo Machado de Assis, "A gratidão de quem recebe um benefício é bem menor que o prazer daquele que o faz".

Em 1970, com os professores José Nancides de Almeida (in memoriam), Francisco das Chagas Vasconcelos (Prof. Vasko), José Bezerra Lima Irmão, João Vicente dos Santos e Guiomar de Souza Góis, mediante decisiva intervenção da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade - CENEC, participou ativamente da criação do Ginásio Comunitário "Dom José Vicente Távora", nesta cidade, no qual foi professora e diretora. A meta era promover o estudo a todas as famílias, de forma gratuita e com qualidade.

Fui convidada pela minha Patrona, Maria Helena, a lecionar no referido Ginásio. A princípio, recusei, por não me sentir segura, mas ela me encorajou com as seguintes palavras: "aceite, você tem capacidade". Então, resolvi aceitar.

Amante das artes teatrais, dirigiu e representou personagens em peças chamadas "dramas". Foi parte integrante do Grupo ou "Conselho" de pensadores e autoridades representativas do município, que tinha como Membros: o Padre, o Prefeito, o Diretor de Ensino, o Extensionista da ANCARSE, o Gerente do Banco do Brasil, entre outros.

Aprovada em concurso da Empresa de Energia de Sergipe mudou-se para Aracaju, onde deu início ao Curso de Letras na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Por incompatibilidade de horário Trabalho-Curso, prestou vestibular na mesma Universidade, com êxito, para Ciências Contábeis. Assim disse Paulo Coelho "O caminho de cada pessoa é feito pelos passos que ela tem coragem de dar".

O cônjuge foi designado para lecionar na Universidade Federal de Alagoas. Assim, a Professora, Educadora e Contadora mudou-se para Maceió. À época, trabalhava na Secretaria Estadual de Saúde de Sergipe, na função de Técnica em Contabilidade. Antes da conclusão do Curso de Ciências Contábeis, foi aprovada em concurso público para Técnico em Contabilidade da Universidade Federal de Alagoas.

Em 1981, licenciou-se para acompanhar o esposo durante a pós- graduação na Universidade Federal de São Paulo (USP). Em 1983, através de concurso público, foi aprovada em 1° lugar para Contadora da Universidade Federal de Alagoas. Em 1987, a convite da Reitoria, assumiu a Direção Geral do Departamento de Contabilidade e Finanças da Universidade Federal de Alagoas, onde se aposentou. Em 1996, assumiu a Direção de Contabilidade da Secretaria Municipal da Prefeitura de Maceió (SEMED), até janeiro de 1997. Livre de atividades laborais, dedicou-se ainda mais à família e ao artesanato, participando de Entidades Filantrópicas; bem como praticando: natação, hidroginástica, musculação e pilates. Segundo Dom Helder Câmara, "Feliz de quem atravessa a vida inteira tendo mil razões para viver".

A história moderna de Nossa Senhora da Glória tem MARIA HELENA DE ANDRADE PEREIRA como um dos ícones que viveu e conviveu dentro dos padrões educacionais, plantando boas ações nesta gleba, mesmo diante dos mistérios celestiais. Decerto, alcançou a glória de Deus e o seu legado jamais será esquecido.

Sinto-me gratificada com a missão que me foi confiada: ser Membro Efetivo da Academia Gloriense de Letras (AGL), ocupando a cadeira n. 16, cuja patrona é a erudita professora MARIA HELENA DE ANDRADE PEREIRA. Estou solidariamente comprometida para colaborar com essa Agremiação de cunho literário e linguístico que vem ampliando o campo do saber e a grandeza dos intelectuais, no culto às letras e ao conhecimento geral.

Com entusiasmo, enfrentarei os desafios que poderão surgir no Mundo Acadêmico e Literário. Navegarei no mesmo mar de águas cristalinas, abraçada com a Academia Gloriense de Letras (AGL), a primeira do interior de Sergipe, como Membro Efetivo; e a Academia Literária do Amplo Sertão Sergipano (ALAS), a primeira de âmbito regional do Estado de Sergipe, como Membro Fundadora.

Finalizo dizendo: o amanhã se enriquece na sabedoria do hoje, e o ontem prepara o futuro do homem.

Obrigada!